sábado, 5 de abril de 2008

CHEIROS

Levanto no meio da noite fria de outono, apesar de já ser primavera. Vou no banheiro e consigo sentir o cheiro forte do meu mijo. Reconheci o café que tinha tomado apenas algumas horas antes. Associei pela primeira vez esse aroma a um outro do meu passado. Descobri só agora que era o cheiro do meu avô. Cheiro de café e de algo mais. Remédios talvez. Cheiro de pijama também e de loção pós barba, sempre.

Patético pensar nisso com os pés gelados, a cabeça baixa e os olhos na privada. Mas a situação me jogou para fora de lá, para essa intrigante cena do cheiro do meu avô. Voltei para o quarto pensando no quanto sou viciado em café e no cheiro que terei algum dia.

2 comentários:

Anônimo disse...

foda. Cheiros nos arrebatam de forma assustadora. De relacionamentos passados, de passagens importantes, momentos difícies e, claro, morte. O do meu avô era de desodorante de Pinho. E jamais esquecerei.

Guilherme Benassi disse...

Esse blog é bem bacana.
Tem um toque de "calmante" no ar.
Assim como o cheiro, a música e a vista nos trazem sentimentos acredito que alguns textos tambem o trazem.