terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

TEMPESTADE EM DIAS DE SOL

Voltei pra casa de mal humor na 2a feira a noite. Cheguei cedo do trabalho e saí pra bater perna por aí. Estava tudo bem. Mais à noite, bateu um mal humor do cão. Será que aquela chuvinha rápida que eu tomei no meio da tarde influenciou? (anotação mental: preciso parar de culpar a chuva por todas as minhas oscilações de humor, já tá virando clichê). O mais provável é que as trocas nos horários das minhas aulas já tivessem me irritado logo pela manhã.

Fato é que eu andava por aí, muito bem obrigado até o fim do dia e algo mexeu com os meus brios. Só pra piorar, moro numa esquina que concentra várias baladinhas GLS, o que não seria problema se o povo não saísse gritando e cantando pela rua, qualquer dia da semana, como na madrugada dessa 2a feira. Aí perdi o sono, voltei a dormir e acordei ainda mais mal humorado. Por sorte, a minha mulher desperta sempre com um sorriso no rosto. Tentei levar o dia numa boa, mas a minha primeira missão saindo de casa já seria um verdadeiro teste de paciência: fazer compras na Rua 25 de Março.


Somente duas coisas na vida podem superar tal horror: cartórios e repartições públicas. Confesso que nem fila de banco consegue me irritar mais do que tentar cruzar aquele mar de gente sem educação que se pisoteia para comprar artigos de segunda linha a preços suspeitos. Os artigos vendidos na rua merecem destaque antropológico: cápsulas de metal cuja única serventia é fazer um barulho irritante quando jogadas pra cima; canetas que dão choque!! (já vou avisando, se algum dia alguém tiver a idéia de se divertir me dando choque, vai ficar com a caneta entalada aonde dói).


Mas o pior ainda estava por vir. Próximo ao Mercado Municipal um camelô tenta apertar a minha mão. Passo batido e ele diz: "Não me conhece mais, né?". Olhei de volta e achei que ele parecia com um garoto que eu atendia na Febem, 3 anos atrás. Fui lá conferir e não era ele, mas o homem emendou o maior papo, já embrulhando num jornal duas pomadas que aliviam dor nas costas, etc e tal. Eu logo vi que era golpe e que ele ia querer roubar a minha mochila, ou me sequestrar. Foi me dando tudo de presente sem eu pedir nada. O tiro de misericórdia foi quando ele incluiu na oferenda uma terceira pomada, essa vermelha, pra passar na cabeça do pênis e castigar a noite inteira. Já aceitando o embrulho e dando os primeiros passos pra sumir dali, o homem diz: "O meu filho nasceu ontem, rapaz! Aí, deixa uma contribuição pra mim.". Eu ri da cara dele e disse, rangendo os dentes: "Quanta generosidade! Mas ó, nem rola, tá?".


No caminho de volta pro metrô, outro vendedor de pomada tenta me cumprimentar e diz: "Não me conhece mais, né?". Balanço a cabeça irritado dizendo: "Não! Não mesmo!".


Chegando no trabalho o dia flui melhor, sem mais queixas. Quando ELA me telefona, o meu humor melhora na mesma hora. Mas volto pra casa com a certeza de que a humanidade não presta. Continuo achando que estão pisando no meu pé. Uma pessoa que aguente o meu humor e ainda consiga sorrir, não deve ser humana.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por que as partes interessadas comentam o texto comigo, mas não escrevem um comentário aqui? Ó dúvida que me assola...