quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O RETORNO

Esse texto eu acho que escrevi num tempo livre que eu tive lá na FEBEM (trabalhando), provavelmente lá por março de 2003. O texto não tem nada a ver com isso, mas é interessante que eles (os textos) sempre me cobram que eu os escreva, quando eu estou ocioso no trabalho, seja no hospital, na clínica, onde quer que seja.

O fluxo incessante, orgasmático e caótico da existência coletiva em suas formas mais civilizadas, o sufocante momento quando parece não haver mais saída, alternativa ou cura para tudo o que bloqueia, interrompe, encerra e enterra a minha razão de ser.

O peso de saber que a caminhada é pesada, seca ensolarada e molhada tempestuosa, que o beijo da suave brisa me estimula a buscar aconchego no coração do vendaval.

A memória, a saudade e a lembrança, as Três Fúrias filhas da conservação do tempo no qual a natureza permanece sempre ela e não mais ela mesma. A trindade daquilo que já foi e já era, daquilo que nunca mais será como em outro dia; o retrato, o impacto e a pintura carregados com o forte cheiro do ontem, do hoje, de amanhã, poeira e orvalho, cheiro de passeio no parque e de cachorro latindo.

O retorno, sem menção honrosa, do soldado desconhecido, de calças vermelhas e fumaça na boca, sal na barba e éter no coração. O retrato em seu olhar, de coisas e do mar, o impacto da fumaça em sua morada, a pintura da bela mulher por quem um dia prometera a lua, o mar e a estrela cadente mais brilhante.

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